DIANA DAMRAU PROVA QUE É UM DOS MELHORES SOPRANOS DA ATUALIDADE. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA & BALLET.

                     Foto, na esquerda o soprano Diana Damrau e na direita o baixo Nicolas Testé. Ambos estão de lado, ela olha para o infinito e ele olha para a camera. Ele está de terno e camisa e ela um tomara que caia seguro por um pedaço de tecido no ombro direito.#pracegover

  A abertura de temporada 2017 do Mozarteum Brasileiro foi memorável. A apresentação do soprano Diana Damrau junto com o baixo Nicolas Testé  foi um primor de canto operístico. Ambos acompanhados pela Orquestra Acadêmica Mozarteum Brasileiro com regência de Carlos Moreno.O programa variado, que contempla diversos compositores românticos, com árias conhecidas e algumas preciosidades raras ao grande público fez a noite do dia do trabalho ser especial.
  Comecemos pela recém-formada Orquestra Acadêmica Mozarteum Brasileiro, regida por Carlos Moreno e recheada de jovens músicos obteve sonoridade compatível ao evento. Acompanhou os solistas com precisão sem se perder nas intrincadas partituras do programa. Moreno consegue musicalidade em interpretações tradicionais sem correr riscos. A reunião de jovens talentos musicais com alguns veteranos deu liga.
   A diva da noite é dotada de voz única, recheada de excelentes agudos e timbre elegante. Potência que explode e percorre a Sala São Paulo unida a interpretação cênica das árias fizeram a Damrau conquistar o público já na primeira nota. Teve a coragem de se expor em um repertório complexo e eclético. Acelerou em demasia na ária "Una voce poco fa" da ópera "O Barbeiro de Sevilha" de Rossini fazendo sua respiração ficar ofegante. Seu auge foi na ária "Amour ranime mon courage" da ópera "Romeu e Julieta" de Gounod, interpretação vocal e cênica digna de uma diva. Finda a apresentação é possível afirmar que Damrau é uma das melhores sopranos da atualidade.
   O baixo Nicolás Testé mostrou vitalidade vocal em suas intervenções. Seus graves tem volume, potencia e o vigor necessário a um baixo. Diferente da colega não é chegado a uma interpretação, prefere se manter quase sempre estático e como dizem "na defensiva". Sua primeira intervenção, "La callunia" da ópera "O Barbeiro de Sevilha" começou explosiva e foi perdendo força. Seu ponto alto foi a ária, " Elle ne m'aime pas" da ópera "Don Carlo" de Verdi, cantada em francês, uma raridade por estas bandas. Conseguiu expressividade vocal e expôs a angústia do personagem. 
   O espectador de São Paulo foi brindado nesses últimos dias com dois grandes eventos de canto. Primeiro o contratenor Philippe Jaroussky se apresentou pela Cultura Artística e uma semana depois o soprano Diana Damrau mostra uma voz incrível pelo Mozarteum Brasileiro. Pena que eventos desse porte são raros.
Ali Hassan Ayache
 
   

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