INDAIATUBA, O NASCIMENTO DE UMA ORQUESTRA. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

   


   O dia 19 de Dezembro está marcado na história da cidade de Indaiatuba, interior do Estado de São Paulo, como o dia em que a Orquestra Sinfônica de Indaiatuba fez sua estréia. É gratificante saber que a  rica cidade do interior paulista tem a preocupação de montar uma orquestra e exalar cultura a sua população. Mais gratificante ainda é ver a cidade limpa e organizada com ações de cidadania em muitos setores de diversas áreas.
   A Sala Acrísio de Camargo do polo cultural CIAEI foi escolhida como local de estreia. O padrão de qualidade do teatro é dos mais modernos e não fica devendo em nada aos teatros da capital. Discursos de praxe realizados pelas autoridades presentes e começa o evento.
   O regente Paulo de Paula tem a ótima ideia de explicar e dar esclarecimentos da peça que será apresentada. O programa começa com um música de compositor local, Luar de Indaiatuba de Nabor Pires de Camargo é considerada o segundo hino da cidade. A orquestra executou a peça com sonoridade volumosa em uma obra por mim desconhecida.
   O Concerto número 3 para Violino e Orquestra de Mozart simboliza o nível que estreia a orquestra e quais são os planos para o futuro. Uma decisão arrojada por incluí-lo no programa, poderiam ficar no comodismo das obras fáceis e de conhecimento do grande público. Optaram por uma peça complexa que não deixa os músicos no comodismo, sinal que a orquestra tem planos ambiciosos para o futuro. A execução da obra teve andamentos corretos, muitas vezes lentos em uma leitura conservadora do maestro Paulo de Paula. Os músicos mostraram boa qualidade técnica e com grandes possibilidades de evolução.
  A solista canadense Véronique Mathieu seguiu a linha do conservadorismo, solou sem empolgação e se mostrou deveras burocrática na interpretação da grande obra de Mozart. Faltou vibração e pegada nos solos, conseguiu seu melhor momento no adágio do segundo movimento, os diálogos entre sopros e violino foram o ponto alto da apresentação. A solista não imprimiu uma marca própria, uma leitura pessoal da peça como faz a violinista Hilary Hahn, fez seu trabalho com frieza e voltou ao Canadá.
   Fechar o evento com a Suite Carmen de Bizet é deixar a galera da cidade empolgada. A música de Bizet faz isso por onde passa e em Indaiatuba não foi diferente, a orquestra empolgou o público com os conhecidos e empolgantes temas da ópera Carmen. A falta de um instrumento aqui e outro acolá principalmente a harpa pode ser suprida com o tempo.
   Evento de estreia é dia de festa e quase tudo é permitido. Em uma temporada regular a direção tem a obrigação de proibir celulares ligados, fotos com flash, crianças chorando e conversas paralelas. Uma grande surpresa foi o silêncio da platéia entre os movimentos, isso nem na Sala São Paulo sempre acontece.
Ali Hassan Ayache 

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