APÓS INCOMODAR MUITA GENTE E SER RETIRADO DO PORTAL MOVIMENTO.COM , O BLOG DE ÓPERA E BALLET ORGULHASAMENTE REAPRESENTA : O MUNDO PARALELO DA RETROSPECTIVA DA REVISTA CONCERTO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE.

   
  
 
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   Todo ano é a mesma coisa, repetição do mais do mesmo. A Revista Concerto convida personalidades do mundo lírico para escrever sobre a temporada e os projetos para o futuro. Confesso que é cansativa a leitura de toda a retrospectiva, o que se vê é uma inundação de elogios a si próprio e aos colegas da turma. Os que escrevem fazem parecer que vivemos em um Brasil onde a música clássica é a melhor do mundo com orquestras maravilhosas e teatros com produções que fazem inveja aos estrangeiros. Os que escreveram a retrospectiva da Revista Concerto parecem viver em um mundo paralelo ou em uma realidade virtual onde reina o paraíso da música perfeita. Um Brasil que só existe na mente deles.
Alguns sempre se superam nas palavras, para eles vivemos em Londres, Nova Iorque ou Milão e nossos teatros são melhores que o Metropolitan, o Scala ou Covent Garden. Não posso deixar de mencioná-los neste texto.
Arthur Nestrovski se acha maior que a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sua direção prima pelo molde de sua imagem. Ele adora mostrar seu inglês fluente e seus ternos com caimento perfeito no palco da Sala São Paulo, não perde uma oportunidade de pegar o microfone. Apregoa sempre que fez uma turnê pela Europa fantástica e cita a si próprio e a sua regente titular como o centro das atenções deixando os músicos da OSESP no canto. Esqueceu de mencionar a críticas negativas dos colegas europeus. O rei francês Luis XIV dizia " O Estado sou eu", Nestrovski pensa "A OSESP sou eu".
John Neschling adora mostrar números e dizer que o Theatro Municipal de São Paulo é uma fábrica de cultura. Tenho certeza que o diretor do teatro é bem intencionado, mas convenhamos John você esqueceu-se de dizer que fizeste uma temporada com cantores estrangeiros contratados a peso de ouro pela agência que o representa na Europa, tentou defenestrar o Coral Paulistano e a Orquestra Experimental de Repertório, para fechar o ano com chave de ouro mandou para escanteio o regente do coro Mário Zaccaro que ocupava o cargo há décadas e era respeitado pelos seus pares e para 2014 vai trazer cantores de fora para fazer papéis minúsculos.
Sobre suas montagens digo que fizeste uma excelente Aida de Verdi e uma Cavalleria Rusticana de Mascagni interessante. Don Giovanni de Mozart foi uma montagem horrorosa, até o Conde Drácula apareceu por lá. Na ópera O Ouro do Reno de Wagner prometestes uma montagem com cenários e fizeste em forma de concerto, essa deu sono. La Bohème de Puccini trouxeste um diretor que não fez nada de novo, pior se inspirou em uma montagem européia. A única coisa que fizeste de novo para o teatro foi a implantação de um programa de assinaturas. Li muito na Revista Concerto que você está quebrando paradigmas e trazendo novos ares ao teatro, sinceramente não vi até o momento nada disso. Esses detalhes até um geógrafo percebe amigo.
João Carlos Martins, esse ama uma exposição e adora uma entrevista. Sempre fala a mesma coisa, conta as mesmas histórias e relata seus problemas pessoais como uma forma de superação, eu acredito nele. Sua retrospectiva diz que ele começou o ano tocando em Nova Yorque, não fala onde e com quem. Analisando friamente sua regência é pífia e sua musicalidade é fria.
Aconselho o editor-chefe da afamada revista Nelson Rubens Kunze a convidar no próximo ano pessoas com senso crítico mais apurado e independente. Sugiro nomes interessantes como o de Osvaldo Colarusso, Marcus Góes, Marco Antônio Seta, Leonardo Marques e o meu também.


Ali Hassan Ayache

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