Ópera e Balé - Uma arte para poucos

  
   A ópera e o balé são expressões artísticas apreciadas por minorias. Desde o nascimento dessas artes até os dias de hoje, uma pacela ínfima da população vai ao teatro e se dispõe a ficar algumas horas vendo uma ópera ou um grande balé. Sempre ouço dizer que essas formas de arte podem ser popularizadas, cair no gosto do povo, da massa e serem comentadas no dia-a-dia. Para os que o dizem, respondo que isso não ocorreu em 400 anos e não vai acontecer.
   Hoje temos o computador, o cinema, o DVD, a televisão e inúmeras outras formas de entreterimento. Modernas, ágeis e sempre se reinventando. Estamos na era da velocidade, tudo é muito rápido, dinâmico. As pessoas não conseguem ficar horas em um teatro depois de um dia de trabalho assistindo um Tristan und Isolde de Wagner. A  galera quer diversão fácil, mastigada e pronta para o consumo.
    Ópera e balé não fazem parte do currículo dos dias de hoje. Quando falo aos amigos que gosto de ópera , eles geralmente lembram o filme "Uma Linda Mulher". Famosa a cena que o bonitão leva a prostituta para assistir La Traviata de Verdi e ela adora. As mulheres se interessam pelo glamour, pelo romantismo e pelo jantar, não pela ópera em si. Em uma récita de estréia, no Teatro Alfa, de uma rara ópera de Carlos Gomes, havia inúmeras senhoras. Todas bem vestidas, pomposas com suas jóias e vestidos de noite. Revistas de fofocas tiravam fotos  e o coquetel rolava solto. Homens com traje de gala. Após o primeiro intervalo todas sumiram, simplesmente desapareceram. Foram atrás de badalação e não de ópera. Ficaram aqueles que realmente gostam da grande arte.
   Países de "primeiro mundo " têm em sua população uma pequena minoria que gosta de ópera e balé. Essa pode ser maior que os paises "em desenvolvimento" , mas não passa de uma minoria. A verdade é uma só: ópera e balé são artes para minorias, os fatos de 400 anos de história comprovam. Somos seres estranhos, gostamos da arte que associa canto, música, teatro, literatura, poesia, arquitetura e muitas outras mais. Mas, essa arte esta parada no tempo, onde a ação é lenta. O poder de renovar público fica restrito ao ambiente familiar ou à sensibilidade artística que poucas pessoa têm. 

The Dance Foyer at the Opera (detail) Edgar Degas Fine Art MOUSE PAD
William Hogarth (Paintings after John gays

Comentários

  1. Caro Ali.

    Concordo plenamente com você. Realmente, o Ballet e a Opera sao artes para poucos. Apesar de ser pernambucano, portanto, um nordestino, normalmente discriminado por uma parcela de sulistas ignorantes, tive a sorte de ser filho de um musico, poeta e aficionado pelo canto. Desde pequeno ouvia embevecido pequenas árias cantadas pelo meu saudoso pai - Waldemar de Sousa Cordeiro na sua bonita voz de barítono. Como nordestinos, tanto ele quanto eu fazemos parte dessa minoria privilegiada.

    Marcos Cordeiro
    Pintor, poeta e dramaturgo.

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  2. Permita-me ir contra sua tese.
    A ópera pode não ser popular como alguns estilos de musica, mas não é tao elitista como o sr diz.
    Teatros de opera ficam lotados em praticamente qualquer cidade do mundo. E são raras as pessoas que saem no meio de uma montagem interessante. Prova disso são as temporadas de opera dos principais teatros do Brasil. Sempre lotadas. Em Belo Horizonte opera consegue vender 6 a 10 apresentações para plateia de 1700 lugares e ter seus ingressos esgotados antes das ultimas apresentações, concorrendo em popularidade com grandes nomes da musica popular. Teatros como Arena di Verona, com capacidade para milhares nunca reclamaram de pouco publico, e nao ha teatro famoso que nao trabalhe com casa cheia. Claro que em um pais com mais de 60% de analfabetos funcionais, nao podemos afirmar que a opera atinja todos eles, mas ela não é uma arte para alguns, é uma arte para todos. Tambem acho irreal a ideia de que em seus mais de 400 anos de historia a opera nao tenha por varias ocasioes se mostrado popular. A indrustria da opera na italia entre 1800 e 1850 demonstra justamente o contrario. Os teatros viviam lotados e os novos titulos apareciam como aparecem hoje novos filmes.
    A populardidade de Caruso, que no começo do seculo xx levava milhares de pessoas a arenas de tourada no mexico é so mais um exemplo de que de elitista a opera so tem a ideia errada de que é elitista.

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  3. Concordo em partes com sua afirmativa: A ópera e o balé são expressões artísticas apreciadas por minorias, perfeitamente, mas podem ser popularizadas, sim. Nos últimos 400 anos de historia da humanidade pouca coisa mudou, descobriram o vapor como força motriz, alguns homens foram para a Lua e inventaram o computador. A grande maioria da população, continuou privada, não só de boa educação, mas também de boa cultura. Mas os bons imigrantes italianos, cujos os primeiros professores de canto vieram juntos, provaram duas coisas: que temos vozes bonitas e é possivel popularizar as Óperas e Bales. Menção honrosa aos grandes maestros Murino e Ferri, que encinaram muita gente a cantar e gostar de óperas.

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